segunda-feira, 15 de outubro de 2012

E chega o fim-de-semana, de aventuras...


O plano da viagem era ver o maior número de coisas possível em cerca de 1 dia e 1/2...tarefa difícil! 

Levantámo-nos bem cedinho e partimos ainda antes das 9h, rumo a Namibe (cidade costeira, a oeste de Lubango). 2 guias – Ludy e ”Pinguim”.

Parámos para abastecer o depósito e verificar a pressão dos pneus...máxima segurança. Uma foto magnífica...por aqui a limpeza da cidade não é uma das prioridades, à excepção dos postos de abastecimento de combustível, onde até lavam o chão do parque de estacionamento.


                       


Pusemo-nos a caminho e atravessámos um dos pontos mais conhecidos desta região...a serra da Leba, famosa pelos seus caminhos serpenteantes. Muito bonito, sobretudo pelo facto de termos apanhado um dia de nevoeiro e parecer que estávamos sobre um manto de nuvens. Vejam as fotos...





Ao longo das bermas da estrada é possível encontrar vários vendedores de fruta e artesanato. Há uma área que funciona como uma espécie de posto de abastecimento alimentar, onde se encontram várias barracas com mulheres a venderem os seus churrascos e bebidas. Mulheres tribais tentam ganhar algum dinheiro a vender óleos e a ser fotografadas pelos estrangeiros. Parámos para comprar maçarocas cozidas.

                             

                      

                 



             



                                     



Nesta pedra estaria um santo...





 O trajecto até Namibe é de uma beleza inacreditável...o cenário muta de Km a Km, dando a revelar uma imensidão de planaltos e montanhas.

       





É uma pena...mas muitas vezes os estrangeiros e residentes não nativos são inundados por burocracias e inconsistências! Fomos parados pela polícia que, ao verificar que o carro apresentava vidros escurecidos, alteração essa que não possuia de origem, quis multar o dono do carro (o Pinguim, também condutor na altura). O mais triste é que enquanto esperávamos vimos parar um carro de um Angolano, que apresentava a mesma alteração no seu carro, mas que pôde partir quase de imediato. Foi graças ao único angolano do grupo (o Ludy), e à sua capacidade de argumentação, que a nossa multa passou de cerca de 180 dólares para 50 dólares (para a “gasosa” do polícia).


Finalmente chegados a Namibe, já era hora de almoçar...dado se tratar de uma cidade portuária e piscatória, comemos uma garoupinha grelhada que estava uma delícia. Pouco há mais para ver nesta cidade para além da sua baía...permanece como um dos principais pontos a praça, ainda da época colonial, recentemente renovada (pouco tempo antes das eleições).








Por todo o lado são muitas as influências portuguesas...a maioria das marcas que chega a Angola é de origem tuga.






E depois, rumo a sul, entramos no Deserto do Namibe...
 Eis senão quando, surge do meio da poeira e da areia, um extraordinário e fértil oásis...o Arco – segundo o nosso guia (com raízes familiares no Porto) “um oásis do caraças”. É difícil encontrar palavras...vejam...










Antes de irmos para as boxes, fomos um bocadinho mais a sul, até à cidade portuária de Tombwa. Esta foi uma das cidades mais desenvolvidas durante a época colonial, à custa da sua riqueza em peixe e indústrias de conserva mas, neste momento, é uma cidade fantasma, repleta de esqueletos de barcos e casas, lembrando uma riqueza já passada.



                                    

                     




Fazia-se tarde e ainda queríamos chegar de dia ao nosso destino – o “Flamingo Lodge”. É que aqui anoitece por voltas das 7pm...
Voltámos atrás pelo caminho de asfalto que liga Tombwa a Namibe e virámos para o Deserto...eram 25 os quilómetros que nos separavam do tão ansiado descanso. Uma pequena paragem para ver as famosas plantas carnívoras do deserto – Welwitschia.





Após 12Km de rali no deserto, uma travagem brusca e uma derrapagem...algo não estava bem com o carro. Saímos todos, rodeados de uma nuvem de pó...os peritos deram a sentença...não era possível resolver o problema no momento, faltavam algumas ferramentas para concertar o eixo da roda dianteira.


                



...Pois, faltavam 13Km e já passava das 6h. Pusemo-nos a caminho, os 4. A primeira hora correu muito bem, ainda era de dia, não estávamos muito cansados...

                 

             



Depois a situação começou a piorar...a noite caiu, não havia lua ou estrelas que nos alumiassem...mas havia iphone. Serviu de bússola, de lanterna, mas não durou até ao final. Sem iphone tudo ficou mais escuro e mais angustiante. Deu lugar ao belo do telemóvel que nos deram na Clínica em Lubango (para o caso de precisarmos de fazer chamadas nacionais), mas a luz era muito menos potente e o cansaço era cada vez maior. Ah...claro...no deserto não há rede!!! Restou-nos continuar até começar a ver uma pequena claridade, que foi aumentando muito lentamente, mas que nos deu força para continuar. A alegria foi enorme quando começámos a ouvir o barulho do mar. Os últimos quilómetros foram duros, a tentar lutar contra o peso da areia. Mas, finalmente, depois de 2h30 chegámos!!! Pouco mais de 4,5Km por hora, nada mau, com as mochilas às costas e em terreno tão difícil.



Eram então 9h30. Jantámos...um jantar que nos soube pelos céus...e depois fomos dormir! Uma cabaninha maravilhosa, com o som do mar de fundo.





Domingo...

Só de manhã nos apercebemos da beleza inigualável e inesquecível do local...Depois de um pequeno-almoço de crepes e ovos mexidos, virados para o vasto oceano, fomos passear pela praia e tomámos um rico banho de mar.





Sem pressões, voltámos calmamente para tomar um banhinho antes do almoço. O carro entretanto já estava operacional. 

Já passava das 3pm quando deixámos aquele autêntico paraíso na terra...”Flamingo Lodge” - mais que recomendado!!!













Directos então para Lubango, já que é uma viagem de cerca de 4h.












Chegar, jantar e cama!!!

6 comentários:

  1. Não via uma aventura assim desde Phileas Fogg!
    Então o céu não alumia a noite em África? Parece impossível: por cá sempre temos o luar, a Via Láctea, o farol de Leça...
    Aí não há estrelas no céu...?

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  2. QUER DIZER NÓS AQUI SOSSEGADOS E OS MENINOS A DEAMBULAR PELO DESERTO ....!!! MAS COMO JÁ PASSOU ATÉ FOI GIRO.
    MAS NADA DE ABUSOS...CUIDADOS E CALDOS DE GALINHA NUNCA FIZERAM MAL A NINGUÉM. JUÍZO. NÃO ESTÃO NA EUROPA CIVILIZADA ... E MESMO AQUI É O QUE SE SABE. BEIJINHOS

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  3. Não é que não haja estrelas... há, são tantas como aí!
    Mas esse dia esteve nublado! E de noite parecendo que não o nublado nota-se... mais ainda no deserto... Escuro como breu!

    Quanto à dúvida das noites...
    Jantamos às 19h, escrevemos no blog, registamos cirurgias, estudamos um pouco, vemos uma série/filme com Dr Foster e....
    Dormimos... que aqui acorda-se muito cedo!

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  4. Mas que aventura essa do deserto.....
    Quanto ao resto simplesmente fabuloso.... e fico contente por ver imagens dessa África, para além das cirurgias....
    Força!
    Beijinhos

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  5. Sem duvida uma aventura tipo "Senhor dos Anéis" versão Lite, africana e cheia de paradoxos. O mundo que por cá já foi e não durará muito voltará a ser.
    Com menos pele escura mas certamente com almas enegrecidas.
    Aproveitem, pois irão dar muito jeito quando voltarem!

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  6. Obrigada pelas partilhas...
    Que magnífica experiência!
    Os vossos doentinhos angolanos vão vos ficar eternamente gratos, com certeza!
    E... missão que é missão em terras africanas, tem que ter deserto, areia, furos de pneus e essas paisagens únicas e lindas, aproveitem!
    Vão sentir saudades...

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